10 + Videotroma 2010


Sem mais! Segue a nossa lista dos 10 àlbuns preferidos de 2010:

1 - Ariel Pink`s Hauted Grafitti - Before Today

A gente não cai nessa de que Ariel Pink é só um grande fetiche radio-pop de décadas passadas. Isso porque ouvimos com atenção (até postei aqui) a discografia do cara. Entre devaneios, bizarrices e esquizofrenia, Ariel simplesmente fez um àlbum com arranjos propriamente inusitados para casar com suas composições. E o pastiche nos parece muito mais sacana e consciente do que um simples fetiche, embora a crítica adore creditar a este pastiche o "pulo do gato" do artista e os reviews favoráveis ao disco. Que seja! O que nos importa é que terminamos o ano cantando em coro Round and Round, L`estat, Bright Lit Blue Skies e outras pérolas e achando que Ariel é o artista mais fuck-off, ousado e criativo do ano.

2 - The Radio Dpte. - Clinging to a Scheme

The Radio Dpte. não é só mais uma banda sueca de dream-pop shoegaze. É "A" banda sueca dedream-pop shoegaze, talvez porque não se limite a isso. Também ouvimos todos os àlbuns (publicados em post específico aqui no blog) e chegamos à conclusão de que, mesmo que não seja nenhuma imensa novidade, The Radio Dpte. soa novo. E é bonito pra caralho! Que o digam as melodias e arranjos lindíssimos desse àlbum viciante, do qual não enjoamos até hoje, e parece que não enjoaremos tão cedo.

3 - Deerhunter - Halcyon Digest

Superficialmente, pode parecer que o Halcyon Digest é mais bobinho e ingênuo (com clima de baladinha pop) do que os álbuns anteriores da banda. Mas não é. Ouvindo com atenção, da pra ver que toda o aspecto sensorial dos outros discos está aí, só que mais diluído em meio a canções muito mais pegajosas e diretas, com um que de 60`s pop revival irresistível. Halcyon Digest não é o declínio da experimentação para o Deerhunter, mas sim uma abertura para novas e múltiplas possibilidades, conciliando uma maior "acessibilidade" do som com as velhas "viagens" ambientes e climas mais soturnos, que marcam álbuns como Cryptograms e Microcastle/Weird era Cont. Irresistível!

4 - Joanna Newsom - Have one on me

A quarta posição não consegue expressar, como a terceira ou a segunda também não expressariam, a beleza, o rebuscamento e a densidade desse álbum. Densidade que, certamente, nos impediu de ouvi-lo mais e mais vezes. É um álbum triplo, épico, cheio e erudito. É, enfim, um álbum desse ET que se chama Joanna Newsom. Mais prolixo e cansativo do que o Ys, com certeza, mas tão impressionante quanto. É o quarto lugar com cara de primeiro. Merecia mais, mas o contexto dificultou.

5 - Vampire Weekend - Contra

Contra é o disco mais legal de 2010, disso não temos a menor dúvida. Lançado em Janeiro, continua fazendo nossa cabeça até hoje, com seu Afro-indie-pop contagiante, direto, simples e original. Vampire Weekend é a banda mais promissora e característica dos últimos tempos. Este é apenas o segundo álbum deles, e já traz alguns clássicos inesquecíveis como Horchata e Cousins. Adoramos Vampire Weekend, pra valer!

6 - Kanye West - My Beautiful Dark Twisted Fantasy

Este é o polêmico, indigesto e perfeito manifesto pop do maior representante do Hip Hop atual. Que nem pode, aliás, ser avaliado dentro do universo exclusivo do hip hop. Kanye está pra o mainstream pop assim como Thom Yorke um dia esteve para o rock alternativo. É o músico-celebridade em desconforto com sua própria condição, vítima ou provocador de uma síndrome de Messias por vezes insuportável (embora ambos rejeitem de uma forma ou de outra essa adoração). Kanye estaria mais pra cima na lista se não fosse a antipatia que temos dessa mistificação exacerbada do artista-profeta em redenção. Foda-se o que ele fez ano passado! Em 2010 ele fez um dos melhores álbuns do ano.

7 - Four Tet - There is Love in You

Four Tet é simples e contundente. A partir do sampler em loop de Angel Echoes, você passa a imergir em um universo muito envolvente de loops, synths cirurgicamente melódicos, guitarrinhas, efeitos e vocais em círculos, ou em reverse. Nem há muito o que dizer sobre o There is Love in You. É o disco perfeito de um artista com o qual nos identificamos muito, pelo processo e pelos resultados.

8 - Flying Lotus - Cosmogramma

Cosmogramma é uma espécie de amálgama de todos os discos anteriores. Se neles flylo parecia construir uma massa sonora, onde as batidas iam se moldando aos samplers gradativa e inusitadamente, desta vez as canções se estendem, como que assumindo formas mais definitivas que já vinham sendo procuradas há 3 LP`s e alguns EP`s. Não que Cosmogramma tenha cara the best of, ou que seja o ponto final de um processo criativo. Talvez seja mais uma espécie de ponto e vírgula. As formas se desmotam, como o próprio flylo desmonta coisas absolutamente díspares como Trip Hop, Drum n` Bass e outras famigeradas bases eletrônicas. Cosmogramma reconstrói tudo a favor do seu criador, inquieto e genial.

9 - Caribou - Swim

Swim é o álbum eletrônico mais descaradamente simples de 2010. Loops, phasers a vontade, melodias grudentas, synths e outros layers facilmente criados em qualquer software de gravação e edição de som. E é isso que torna o disco tão interessante e viciante. Não tem malabarismo estético, é cativante, forte e bonito. Outro que merecia mais, se a concorrência não tivesse sido tão desleal.

10 - Gonjasufi - A sufi and a Killer

O ponto final e a grande supresa, pra mim, da nossa humilde lista. A Sufi and a Killer bateu como um míssil quando foi lançado, mas eu tinha ficado um bom tempo sem ouvir até semana passada. Texturizado e mutante, como ensinaria flylo, o disco brinca também com outras "cores". Trip hop, hip hop, indie, Dub step e ...música indiana! Sim, varias referencias e sonorizares se misturam à voz rasgada e marcante de Gonjasufi, num álbum calculadamente diverso e bonito. Pra fechar a listinha com chave de ouro!

PS- Sem links pra baixar dessa vez! O que não estiver nos links ao lado, tá fácil de achar no Google. Feliz Natal pra todos! Não sei se escrevo mais esse ano...quem sabe!